domingo, 20 de novembro de 2011

Pais ausentes ou muito presentes na escola podem prejudicar estudos das crianças

 

"A convivência entre pais e professores deve ser de harmonia e respeito mútuo", diz o engenheiro e professor José Carlos Pomarico, diretor geral do Colégio Joana D’Arc, em São Paulo

Para que a criança tenha um bom aprendizado, é importante que os pais participem da vida escolar dos filhos, mas respeitando a autoridade da escola
Para que a criança tenha um bom aprendizado, é importante que os pais participem da vida escolar dos filhos, mas respeitando a autoridade da escola (Uol )
 
Há quem acredite que frequentar reuniões de pais e mestres nas escolas dos filhos é chato e entediante. Uma vez que confiaram na instituição, não é preciso perder tempo para saber o andamento da educação. Outros se intrometem tanto que querem ensinar aos professores a melhor maneira de educar seus filhos.

De maneias distintas, ambos estão errados. Afinal, qual o limite da relação entre pais e professores? "Eles são educadores, cada um em seu âmbito. A convivência entre pais e professores deve ser de harmonia e respeito mútuo", diz o engenheiro e professor José Carlos Pomarico, diretor geral do Colégio Joana D’Arc, em São Paulo.

Tudo começa com a escolha da instituição de ensino. Antes de matricular o filho, pais devem avaliar quais são os métodos educacionais, a proposta, a linha pedagógica adotada, para saber se eles concordam com a linha que adotaram para educar as crianças. "As divergências, caso venham a existir no decorrer do processo, devem ser resolvidas diretamente com a escola, não deixando que cheguem ao aluno", afirma José Carlos Pomarico.

Confiança é o ponto chave, por isso é tão importante escolher a escola com calma. “Uma boa relação é construída a partir da noção de parceria. Os alunos precisam se sentir seguros sobre os caminhos que a escola orienta, os quais foram aprovados previamente pela família”, diz o diretor pedagógico Nivaldo Canova, do Colégio Giordano Bruno, de São Paulo.

É importante que pais participem do cotidiano escolar e contribuam com suas experiências, tenham um diálogo com os profissionais. Contudo, é fundamental que cada um desempenhe o papel que lhe cabe na formação das crianças e jovens. "Educar não é uma tarefa fácil, mas o princípio básico é a coerência entre o que se fala e o que se faz diante de regras", explica a diretora Tatiana Martinez, do Colégio Rio Branco – Unidade Granja Vianna, em São Paulo.

Papéis bem definidos


Até que ponto um não avança o campo do outro? Tudo o que diz respeito à educação dos filhos é de responsabilidade dos pais e isso só muda à medida que a criança vai crescendo e tomando suas próprias decisões.

"O papel dos professores está restrito ao que compete à educação escolar, no cumprimento de regras estabelecidas para o bom convívio coletivo”, explica a psicóloga educacional Marli da Costa Ramos Scatralhe, diretora pedagógica do Colégio Mario Schenberg, em Cotia (SP). Resumindo: à família cabe educar o filho, à escola ensinar o aluno, exercitando regras de convivência, compartilhando, respeitando as individualidades, aos bons hábitos de higiene e respeito ao meio ambiente.

Cuidado com os erros frequentes

Acompanhar o processo educativo da escola não se restringe a conferir lições de casa ou mesmo frequentar reuniões. Mas ultrapassar muito esse limite não é bom. Pais superprotetores prejudicam os filhos em todos os âmbitos –e não só no escolar. “Eles acabam criando crianças dependentes, inseguras e que precisam o tempo todo de atenção, não conseguem realizar tarefas simples sem consultar ou ter a aprovação de professores e ficam contrariadas quando não atingem um objetivo proposto”, avalia Tatiana Martinez.

Muitas vezes, tentar inocentar o aluno de qualquer ação impede que se tomem as medidas necessárias para correções importantes. E isso atrapalha a escola e prejudica a formação. “Há casos em que a superproteção é usada como compensação de outras omissões dos pais. Aí o mal é duplo: na omissão e na superproteção, ambos punindo a criança, provocando, inclusive, desvio de caráter”, diz Maria Edna Scorcia, diretora pedagógica do Colégio Joana D’arc, em São Paulo. E tem mais: intervir demais nas decisões escolares só demonstra desconfiança na instituição. Assim, será difícil exigir que a criança respeite a escola, já que seus pais não a respeitam.

KATIA DEUTNER/UOL

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